Começo este enredo demonstrando a força que descreve este título, de Guimarães Rosa para o mundo.
Parece sim, estranho, o trecho "O animal satisfeito, dorme" separado por vírgula o sujeito do verbo. Porém, na liberdade de expressão, o poeta renomado apenas exprime sua liberdade de sentimento, não respeitando nem mesmo as regras de pontuação.
Sou professor da área técnica de Logística e Administração inspirado pela força deste texto simples: "O animal satisfeito, dorme". Pude encontrá-lo depois de garimpá-lo através de ferramentas da internet, e a partir daí me superar a cada dia na busca pelo novo através da insatisfação positiva...
Segundo o grande filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella, a quem também me inspiro muito, por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.
A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece.
Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a ideia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas.
Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?
É sim, um fato que devemos considerar constantemente, a Insatisfação Positiva... pois o que seria de nossas vidas se não quiséssemos sempre mais? haveria sentido?
Professor Me. Gabriel Lopes Oliveira
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